domingo, 23 de março de 2014

NINA - história infantojuvenil

O primeiro livro que utilizei este ano na Escola para trabalhar com os alunos foi "Nina".

Quem sou eu? É a pergunta central da história infantojuvenil.
Pergunta que nos acompanha por um bom tempo na vida e para alguns com menos sorte por toda existência.





Nina
De David Ausloos
Tradução Walter Carlos Costa



Nina está atrás de respostas para uma pergunta.
Ela a procura no bosque, onde a noite descansa nos galhos.



Caminha em vão até o farol à beira-mar, onde mora o Faroleiro.
Tenta encontrá-las na casa de Marcelo, entre potinhos com perfumes e outras coisas.





Três palavrinhas não largam mais a menina: 
“Quem sou eu?”.

Onde mais será preciso investigar?


"...E, subitamente, ela sabe a resposta.
O que você vive e o que você ama:
Um passeio na chuva.
A grama na barriga.
O vento no ouvido.
Ou a voz do Faroleiro.
Visitas ao Marcelo...
Tudo isso junto,
é isso que eu sou."


Trabalhos de alunos




quarta-feira, 19 de março de 2014

O menino Nito - Hora do conto-Mês da mulher-II




As escolhas para hora do conto no mês da mulher foram: "NINA", "Aninha e João" e  "O menino Nito".


- Na história “O menino Nito” o protagonista central é um menino negro, sendo que a questão da masculinidade e da beleza negra estão presentes fortemente no livro (desde a escolha do nome do menino boNITO).


- As famílias transmitem valores culturais, sendo que  muitas vezes, estes precisam ser questionados e transformados (como a questão do machismo);


- Alguns aspectos ditos como naturais “ homem não chora” ou "menina deve arrumar a casa e o menino não precisam fazer isto", precisam  urgentemente serem desconstituídos como naturais;


-  Os dois livros trazem uma mensagem positiva e de superação desta cultura machista através do diálogo e de atitudes simples no dia-a-dia.  

No livro "Aninha e João" toda a família depois da revolta de menina resolvem dividir os afazares do lar. E no final, até sobra tempo para a mãe ler um livro


O menino Nito


O livro é da escritora Sonia Rosa com ilustrações de Victor Tavares.


O menino Nito parou de chorar e acabou ficando doente.

Isto foi depois de uma conversa que teve com seu pai. A família de Nito começou a achar que ele chorava demais e seu pai resolveu ter uma conversa série com ele dizendo: “Homem que é homem não chora”.
Nito ficou doente inclusive sem conseguir mais sair da cama.

O jeito foi buscar um médico para descobrir o que tinha Nito. Ficou resolvido que a solução era Nito “desachorar” todas as lágrimas engolidas.










































O que me faz chorar?







Desenhos dos alunos "Menino Nito"


terça-feira, 18 de março de 2014

Aninha e João- Hora do conto - Mês da mulher - I


As meninas precisam arrumar a casa e os meninos? Homem que é homem chora?





Uma das atividades que continuamos executando na Escola é a da Contação ou leitura de histórias. Estamos semanalmente atendendo alunos das 16 turmas do I ciclo (faixa etária de 05 a 10 anos).

A segunda história que escolhemos para apresentar aos alunos foi "Aninha e João".

O tema escolhido para a definição desta história foi as relações de gênero. Acreditamos que como educadoras temos o dever de contribuir com a superação das relações de poder em que o princípio masculino é tomado como parâmetro universal e hierárquico.

A Escola de forma lúdica e prazerosa pode contribuir para problematizar os papéis masculinos e femininos, usamos como recurso as histórias infantojuvenis, que mostram e questionam se realmente existe um papel (in)adequado para o homem e para a mulher.




Aninha e João

 Um livro de Lúcia Miners/Paula Yne.



A mãe de Aninha disse:
- Meninas não sobem em árvores! Não é nada bonito!
João subiu na mangueira.
A mãe exclamou:
- Que menino corajoso!


A mãe ensinou para Aninha:
- Menina boazinha deixa o que é seu arrumado!
Depois que voltou do colégio, João fez os deveres, deixou os livros e cadernos espalhados em cima e foi brincar.
A mãe riu:
- Igualzinho ao pai!
E pediu para Aninha:
- Minha filha, arrume as coisas do seu irmão, por favor.
Aninha foi brincar na rua depois do colégio.
Esqueceu da hora, com brinquedo tão bom, e chegou tarde em casa.
A mãe brigou:
- Menina não anda no escuro sozinha! Que absurdo!
João também se atrasou.
Quando entrou em casa, a lua apontava no céu.
O pai disse para as visitas:
- João já é um homenzinho! Não tem mais medo do escuro!
Todos ficaram contentes.


A mãe pediu para João ir na esquina, buscar laranjas.
Ele perguntou:
- Aninha pode ajudar? São muitas laranjas e se nós dois carregarmos, vão ficar mais leves.
A mãe brincou:
- Que é isso, João? Será que você não tem força para trazer as laranjas sem a ajuda de uma menina?
João foi, trouxe as frutas, mas ficou com os braços doendo de tanto peso que carregou sozinho.


A professora perguntou:
- O que você quer ser quando crescer, Aninha?
- Comandante de navio!
A professora balançou a cabeça:
- Isso não é profissão para meninas!
João levantou o dedo:
- Eu também quero ser comandante de navio!
A professora aplaudiu:
- Muito bem, João, esta é uma profissão muito  bonita!


Aninha foi brincar de boneca no quintal.
Chamou João para ser o pai da boneca.
A mãe viu e explicou:
- Ora, João, um homenzinho como você, brincando de casinha! Vá fazer uma coisa importante!
E entrou para cuidar da casa.



Na volta do colégio, Aninha e João vinham correndo.
Tropeçaram numas ripas que estavam jogadas no meio da calçada.
Aninha esfolou o joelho e João, o braço.
Chegaram em casa chorando.
A mãe botou Aninha no colo e falou:
- Coitadinha da minha filhinha!
Vai passar, já, já viu?
A mãe foi buscar curativos.
Tratando do braço de João e do joelho de Aninha, ia dizendo:
- Que é isso, João? Chorando à toa?
Homem que é homem não chora por uma bobagem dessas!
Não foi nada, já passou!




A mãe chamou da cozinha:
- Pare um pouco de pular corda, Aninha, e venha me ajudar a fazer o arroz!
João veio também e quis fazer os bifes.
A mãe aconselhou:
- Aproveite o sábado, meu filho! Vá brincar!

Aninha ficou zangada:
- Que coisa mais enjoada é ser menina!
Vestiu o paletó do pai, botou gravata e avisou:
- Pronto! Agora sou um menino e meu nome é Seu Mário!


A mãe botou a boca no mundo:
- Que maluquice é essa, menina?
Aninha estava firme:
- Não quero mais ser menina! Meu nome é Seu Mário!
O pai chegou em casa com o jornal embaixo do braço.
Viu Aninha e riu demais:
- Que é isso, minha filha?
Aninha explicou:
- Não quero mais ser menina! Meninas são podem fazer nada, só chorar! Não é divertido!
- E o que você quer fazer? – interessou-se o pai.
Aninha respondeu:
- Quero subir em árvores, não ter medo do escuro. Não quero ficar andando atrás do João, arrumando as coisas que ele espalha. E quero ser comandante de navio quando crescer!
O pai pensou, pensou e perguntou:
- Você sabe fazer essas coisas?
Aninha respondeu:
- Comandante de navio, não sei se sei. Mas sei subir em árvores, sei andar no escuro sem medo. Sei ajudar o João a carregar as compras e o João pode arrumar suas coisas.
O pai chamou a mãe, conversaram de cochicho e depois disseram para Aninha:
- Pois vamos experimentar.


Aninha correu para subir na mangueira:
O pai preocupou-se:
- Aninha já estava lá no alto, quando respondeu:
- O João também pode cair e ele sobe!
- E se o bicho-papão pegar você no escuro? – perguntou a mãe, meio rindo, meio série.
Aninha respondeu:
- Ele pode pegar o João também!
No feriado, João arrumou suas coisas e fez os bifes.
Aninha arrumou suas coisas e fez o arroz.
Os dois pularam corda e jogaram bola.
Aninha deu um banho na boneca.
João arrumou a caminha para ela.
Aninha tirou a gravata do pai, o paletó e guardou-os no armário.


No dia seguinte, João e Aninha vestiram os uniformes e foram para o colégio.
João disse para todo mundo ouvir na classe:
- Eu e Aninha vamos ser comandantes de navio quando formos grandes. Quando o meu navio passar pelo dela,
 vamos tocar as sirenes para dizer bom-dia. Assim: UUUOOOOMMMMMM! UUUOOOOOOMMMMM!!!!!
Todos os meninos e meninas gritaram: - Nós também! UUUOOOMMMM!!! UUUOOOOOOMMMMM!!!! OOOOOOUUUUOOOOMMMM!!!!



O pai arrumou suas coisas antes de ir para o trabalho.
A mãe teve tempo de ler um livro engraçado.
No jantar, ela trouxe para a mesa uma sobremesa enfeitada.
O pai fez a limonada.
Aninha tirou a mesa.
João varreu as migalhas que caíram no chão.
Aninha e João tomaram conta da casa.
Seu Francisco e Dona Laurinda foram ao cinema.





Desenhos de alunos sobre a história
                 
                  

sábado, 8 de março de 2014

Postagens no blog com a temática Mulheres


Os dias internacionais não são celebrações, são momentos de lembrarmos que há muito para denunciar e transformar.

8 de março não é uma data comercial criada para aumentar as vendas, neste dia ressaltamos as conquistas da luta feminista através dos séculos e apontamos as principais pautas para o próximo período.

Só pararemos de lutar quando conseguirmos transformarmos a cultura machista e patriarcal no mundo.
Fazemos isto de várias formas e a educação é um instrumento importantíssimo nesta tarefa, assim como a arte e a literatura.


Neste blog postei algumas histórias com a temática sobre mulheres muitas das quais trabalhei com alunos e sugestão de alguns livros que recomendo sobre a  reflexão deste tema.


Lista com algumas das postagens:


Bafejar: Mulheres que correm com Lobos e A pequena vendedora ...


28 Out 2013


É um livro que interpreta 19 lendas e histórias antigas, entre elas as de Barba-Azul, Patinho Feio, Sapatinhos Vermelhos e La Llorona. A escritora busca identificar o arquétipo da Mulher Selvagem ou a essência da alma ...


Bafejar: O ônibus da Rosa - Consciência Negra e Mulheres



17 Nov 2013


Na semana da Consciência Negra, postaremos algumas histórias encontradas em livros infantojuvenis, que enfocam o poder, a luta e a resistência da mulher negra no enfrentamento ao racismo, a discriminação racial, ...



Bafejar: Dia do Samba - Tia Ciata- Consciência Negra e Mulheres


03 Dez 2013


Tia Ciata,Hilária Batista de Almeida, nasceu na Bahia e foi com outras "tias" baianas para o Rio de Janeiro, a capital do país nesta época e o lugar onde as manifestações culturais eram mais intensas e com mais altenativas ...



Bafejar: Oxum e seu mistério - Consciência Negra e mulheres



29 Nov 2013


Das "histórias de princesas" que contei neste mês, a postada aqui, foi a preferida da maioria das turmas. Talvez o motivo seja o mel de Oxum (e mais o seu perfume e a sua dança); ou talvez por Ogum ter fugido da cidade ...


Bafejar: Oiá e o búfalo interior - Consciência Negra e Mulheres


27 Nov 2013


Oiá e o búfalo interior - Consciência Negra e Mulheres. Mais uma bela história contada e recontada pelo povo africano (yorubá) e afro-brasileiro retirada do livro: Nossa homenagem aos ancestrais e a escritora que nos ...


Bafejar: Iemanjá e o poder da criação do mundo - Consciência...


17 Nov 2013


Iemanjá e o poder da criação do mundo - Consciência Negra e Mulheres. Neste segunda postagem na Semana da Consciência Negra, apresentaremos outro livro infantojuvenil, que procura reforçar o empoderamento das ...


Bafejar: "A ciranda das mulheres sábias"



29 Mai 2013


Como a gente gosta de partilhar alegrias, livros,informações e conhecimentos selecionei alguns trechos do livro "A ciranda das mulheres sábias" de Clarissa Pinkola Estés. "... Que você sempre se lembre de estar conectada ...


Bafejar: Wangari e as árvores da Paz


22 Nov 2013


Para conhecer melhor a força, a luta e a mulher Wangari, compartilho abaixo a história de "Wangari e as árvores da Paz" de Jeanette Winter. A terra estava despida. Para mim, a missão. era tentar voltar a cobri-la de verde


Bafejar: Sugestão de livro: Azul é a cor mais quente


05 Mar 2014


Mas a história vai falar de um amor mais complexo ainda, por conta do preconceito presente em nossa sociedade, o amor entre duas mulheres, e tudo o que decorre a partir disto. A perda dos amigos, da família, a solidão...


Bafejar: Lendas da África Moderna- A visionária menina KiKuiu...


20 Nov 2013

Wangari Maathai, fundadora do movimento Cinturão Verde, foi a primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz. A ambientalista queniana ganhou o Nobel em 2004, por sua contribuição ao desenvolvimento ...



Bafejar:Mitologia Iorubá-Oduduá e a briga pelos sete anéis...


24 Nov 2013


Mitologia Iorubá -Oduduá e a briga pelos sete anéis - Consciência Negra e mulheres. Estas duas últimas semanas a Escola em que atuo desenvolveu a temática sobre a Consciência Negra. Entre outras atividades ...


Bafejar: Dia 11 de outubro "Dia internacional da menina" e a história ...

27 Out 2013

"Quase 40% das meninas brasileiras discordam que são tão inteligentes quanto os meninos. E mais de 10% delas não se orgulha e nem se sente feliz por ser menina." Os dados são da ONG britânica Plan International, que ...

Bafejar: Dia internacional da Mulher


10 Mar 2013


Lembramos com a turma A 34, do dia internacional da mulher, (porque este dia existe e como surgiu), confeccionamos cartões e flores que os alunos levaram para suas mães. Contamos histórias retiradas do livro"O violino ...


Bafejar: Violência no Brasil supera números de países em guerra


29 Mar 2013


No Brasil e no nosso Estado, vivemos com altas taxas de homícidios e com altos indíces de violência contra mulheres, meninas, crianças e adolescentes. "Mas como a sexta maior economia do mundo, que não possui ...



Bafejar: Nina Simone

05 Jul 2013

Casada com um policial nova-iorquino, Nina também sofreu com a violência do marido, que a espancava. E tudo isso, dizia ela, que tinha acontecido, as portas tinham se fechado, por ser negra. Cantou músicas clássicas e ...



Bafejar: Iemanjá a Rainha do Mar - Histórias dos deuses africanos...



04 Ago 2013


Com eles, Iemanjá criou as ondas e as marés, que jogam de volta à praia, às vezes com violência, o lixo e os dejetos que os homens lançam ao mar. Com a fúria de ondas, vagas, vagalhões, ressacas, Iemanjá defende seu ...

quarta-feira, 5 de março de 2014

O que é poesia? Jorge Luís Borges


Um mestre, que encanta..

Jorge Luís Borges e sua conferência " O que é poesia?"

A fragilidade e a eternidade da Lua, luna, moon.
Poesia como uma coisa leve, alada, sagrada (Platão).
Biblioteca como lugar vivo de encontro do livro com o leitor e não espaço de livros mortos nas estantes. 

Link do vídeo com a conferência:

terça-feira, 4 de março de 2014

Sugestão de livro: Azul é a cor mais quente


Em tempos que nossos jovens estão matando pela ruas homossexuais, surge um livro delicado e digno que fala de amor entre duas garotas:

 "...eu entendi que os caminhos para amar são múltiplos. 
Não se escolhe quem a gente vai amar, e a nossa concepção de felicidade acaba aparecendo por si mesma, de acordo com nossa experiência de vida..." (página 79)

Não assisti o filme. Li o livro hoje e o  recomendo pela 
sensibilidade e delicadeza que trata sobre a descoberta do amor e da sexualidade por uma adolescente, isto por si só já é complicado o bastante.


Mas a história vai falar de um amor mais complexo ainda, por conta do preconceito presente em nossa sociedade, o amor entre duas mulheres, e tudo o que decorre a partir disto. 
A perda dos amigos, da família, a solidão, o medo em aceitar-se como "diferente"...

A vida de Clémentine muda ( na época com 15 anos) quando ela encontra Emma (um pouco mais velha), esta é uma jovem artista de cabelos azuis que a ajuda na autodescoberta e na aceitação do amor e da sexualidade.

A história decorre até os 30 anos de Clémentine, e como em qualquer outro relacionamento amoroso aparecem as dificuldades de mantê-lo. 
As diferenças, os desejos e os projetos individuais as afastam e um pouco tarde demais elas compreendem que:

" O amor é abstrato demais, é indiscernível.
 Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existíssemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes... Então, o amor não pode o não o ser também. O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima.
O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos..." (página 157)
_________

É preciso enfrentarmos mais este grave problema social, a homofobia em nosso país, ou a nossa sociedade não conseguirá superar a violência e nunca se pautará por práticas de respeito à diversidade e aos direitos humanos.

Acredito que este livro precisa fazer parte do acervo das bibliotecas nas Escolas, pois é mais um instrumento na luta por uma cultura de respeito à diversidade afetiva, sexual e de gênero.

Eu vou passar este livro para meu filho ler, e espero que ele o faça, uma vez que minhas sugestões de mãe de um adolescente, nem sempre são bem aceitas.

Sugestão de publicação da Unesco sobre o assunto -"Diversidade sexual na Educação...": 



Todo preconceito impede a autonomia do 
[ser humano], 
ou seja, diminui sua liberdade relativa 
diante do ato de escolha, ao deformar e, 
conseqüentemente, estreitar a margem real de 
alternativa do indivíduo.
Agnes Heller