terça-feira, 18 de março de 2014

Aninha e João- Hora do conto - Mês da mulher - I


As meninas precisam arrumar a casa e os meninos? Homem que é homem chora?





Uma das atividades que continuamos executando na Escola é a da Contação ou leitura de histórias. Estamos semanalmente atendendo alunos das 16 turmas do I ciclo (faixa etária de 05 a 10 anos).

A segunda história que escolhemos para apresentar aos alunos foi "Aninha e João".

O tema escolhido para a definição desta história foi as relações de gênero. Acreditamos que como educadoras temos o dever de contribuir com a superação das relações de poder em que o princípio masculino é tomado como parâmetro universal e hierárquico.

A Escola de forma lúdica e prazerosa pode contribuir para problematizar os papéis masculinos e femininos, usamos como recurso as histórias infantojuvenis, que mostram e questionam se realmente existe um papel (in)adequado para o homem e para a mulher.




Aninha e João

 Um livro de Lúcia Miners/Paula Yne.



A mãe de Aninha disse:
- Meninas não sobem em árvores! Não é nada bonito!
João subiu na mangueira.
A mãe exclamou:
- Que menino corajoso!


A mãe ensinou para Aninha:
- Menina boazinha deixa o que é seu arrumado!
Depois que voltou do colégio, João fez os deveres, deixou os livros e cadernos espalhados em cima e foi brincar.
A mãe riu:
- Igualzinho ao pai!
E pediu para Aninha:
- Minha filha, arrume as coisas do seu irmão, por favor.
Aninha foi brincar na rua depois do colégio.
Esqueceu da hora, com brinquedo tão bom, e chegou tarde em casa.
A mãe brigou:
- Menina não anda no escuro sozinha! Que absurdo!
João também se atrasou.
Quando entrou em casa, a lua apontava no céu.
O pai disse para as visitas:
- João já é um homenzinho! Não tem mais medo do escuro!
Todos ficaram contentes.


A mãe pediu para João ir na esquina, buscar laranjas.
Ele perguntou:
- Aninha pode ajudar? São muitas laranjas e se nós dois carregarmos, vão ficar mais leves.
A mãe brincou:
- Que é isso, João? Será que você não tem força para trazer as laranjas sem a ajuda de uma menina?
João foi, trouxe as frutas, mas ficou com os braços doendo de tanto peso que carregou sozinho.


A professora perguntou:
- O que você quer ser quando crescer, Aninha?
- Comandante de navio!
A professora balançou a cabeça:
- Isso não é profissão para meninas!
João levantou o dedo:
- Eu também quero ser comandante de navio!
A professora aplaudiu:
- Muito bem, João, esta é uma profissão muito  bonita!


Aninha foi brincar de boneca no quintal.
Chamou João para ser o pai da boneca.
A mãe viu e explicou:
- Ora, João, um homenzinho como você, brincando de casinha! Vá fazer uma coisa importante!
E entrou para cuidar da casa.



Na volta do colégio, Aninha e João vinham correndo.
Tropeçaram numas ripas que estavam jogadas no meio da calçada.
Aninha esfolou o joelho e João, o braço.
Chegaram em casa chorando.
A mãe botou Aninha no colo e falou:
- Coitadinha da minha filhinha!
Vai passar, já, já viu?
A mãe foi buscar curativos.
Tratando do braço de João e do joelho de Aninha, ia dizendo:
- Que é isso, João? Chorando à toa?
Homem que é homem não chora por uma bobagem dessas!
Não foi nada, já passou!




A mãe chamou da cozinha:
- Pare um pouco de pular corda, Aninha, e venha me ajudar a fazer o arroz!
João veio também e quis fazer os bifes.
A mãe aconselhou:
- Aproveite o sábado, meu filho! Vá brincar!

Aninha ficou zangada:
- Que coisa mais enjoada é ser menina!
Vestiu o paletó do pai, botou gravata e avisou:
- Pronto! Agora sou um menino e meu nome é Seu Mário!


A mãe botou a boca no mundo:
- Que maluquice é essa, menina?
Aninha estava firme:
- Não quero mais ser menina! Meu nome é Seu Mário!
O pai chegou em casa com o jornal embaixo do braço.
Viu Aninha e riu demais:
- Que é isso, minha filha?
Aninha explicou:
- Não quero mais ser menina! Meninas são podem fazer nada, só chorar! Não é divertido!
- E o que você quer fazer? – interessou-se o pai.
Aninha respondeu:
- Quero subir em árvores, não ter medo do escuro. Não quero ficar andando atrás do João, arrumando as coisas que ele espalha. E quero ser comandante de navio quando crescer!
O pai pensou, pensou e perguntou:
- Você sabe fazer essas coisas?
Aninha respondeu:
- Comandante de navio, não sei se sei. Mas sei subir em árvores, sei andar no escuro sem medo. Sei ajudar o João a carregar as compras e o João pode arrumar suas coisas.
O pai chamou a mãe, conversaram de cochicho e depois disseram para Aninha:
- Pois vamos experimentar.


Aninha correu para subir na mangueira:
O pai preocupou-se:
- Aninha já estava lá no alto, quando respondeu:
- O João também pode cair e ele sobe!
- E se o bicho-papão pegar você no escuro? – perguntou a mãe, meio rindo, meio série.
Aninha respondeu:
- Ele pode pegar o João também!
No feriado, João arrumou suas coisas e fez os bifes.
Aninha arrumou suas coisas e fez o arroz.
Os dois pularam corda e jogaram bola.
Aninha deu um banho na boneca.
João arrumou a caminha para ela.
Aninha tirou a gravata do pai, o paletó e guardou-os no armário.


No dia seguinte, João e Aninha vestiram os uniformes e foram para o colégio.
João disse para todo mundo ouvir na classe:
- Eu e Aninha vamos ser comandantes de navio quando formos grandes. Quando o meu navio passar pelo dela,
 vamos tocar as sirenes para dizer bom-dia. Assim: UUUOOOOMMMMMM! UUUOOOOOOMMMMM!!!!!
Todos os meninos e meninas gritaram: - Nós também! UUUOOOMMMM!!! UUUOOOOOOMMMMM!!!! OOOOOOUUUUOOOOMMMM!!!!



O pai arrumou suas coisas antes de ir para o trabalho.
A mãe teve tempo de ler um livro engraçado.
No jantar, ela trouxe para a mesa uma sobremesa enfeitada.
O pai fez a limonada.
Aninha tirou a mesa.
João varreu as migalhas que caíram no chão.
Aninha e João tomaram conta da casa.
Seu Francisco e Dona Laurinda foram ao cinema.





Desenhos de alunos sobre a história
                 
                  

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