Neste segunda postagem na Semana da Consciência Negra, apresentaremos outro livro infantojuvenil, que procura reforçar o empoderamento das meninas e o respeito à mitologia Iorubá.
O livro escolhido foi:
"OMO-OBA- Histórias de Princesas"
de Kiusam de Oliveira e ilustrações de Josias Marinho
Na apresentação do livro a escritora explica que:
As histórias deste livro mostram como princesas se tornaram, mais tarde, rainhas.
Essas histórias vêm de fontes tradicionais conhecidas, contadas e recontadas pelo povo africano (iorubano) e afro-brasileiro, nas quais uma mulher Oduduwá criou o Planeta Terra e, se uma mulher teve esta capacidade, o poder está com ela.
Como todas as histórias antigas, quando infinitamente recontadas, podem ser interpretadas de diferentes formas, porque, ao recontá-las, cada pessoa reforça o conhecimento de que mais necessita.
Neste livro, reforço características que julgo capazes de empoderar meninas de todos os tempos.
Que tudo se movimente!
Iemanjá e o poder da criação do mundo
Iemanjá era muito linda e também muito perfumada, mais conhecida como a Rainha do Mar. Desde
criança, Iemanjá tinha atributos como a beleza, a maternidade, a tranquilidade,
o equilíbrio e a determinação.
Adorava enfeitar seus cabelos crespos com
pérolas brilhantes e estrelas do mar. Isto
porque o mar era a sua morada. Mas a princesinha Iemanjá tinha poderes
especiais: podia criar, de dentro dela, as estrelas, as nuvens e os orixás.
Suas cores preferidas eram prata e azul-claro.
Iemanjá era uma linda princesa menina que vivia sozinha no
òrun, no céu. Não tinha com quem brincar, não tinha com quem conversar e não
tinha com quem se alimentar.
Vivia sozinha entre vapores, labaredas de fogo e
rochas. Olodumare-Olofim olhava para ela e não gostava do que via: a solidão da
princesinha Iemanjá.
Certo dia, Olodumare pensou: “Vou dar um presente à princesa
Iemanjá para que ela não se sinta tão só”.
Estendeu as mãos sobre a barriguinha da princesa e ela
começou a aumentar.
- O que está acontecendo comigo, Olodumare?
Ele respondeu:
- Não fale nada, apenas abra a boca.
Quando a princesa Iemanjá abriu a boca, saíram dela milhares
de estrelinhas. Eram estrelinhas de todos os tamanhos. Estrelinhas que
brilhavam mais e estrelinhas que brilhavam menos.
Não durou muito e a alegria de Iemanjá acabou, porque as
estrelinhas nasceram e foram todas embora rapidamente para o òrun, para o céu
mais distante ainda de Iemanjá.
Olodumare não desistiu: estendeu novamente as mãos sobre a
barriguinha da princesa e ela começou a aumentar. Iemanjá, desta vez, já sabia
que nada deveria falar.
Quando a princesa Iemanjá abriu a boca, saíram dela milhares
de nuvenzinhas. Eram nuvenzinhas de todos os tamanhos. Nuvenzinhas que eram
fofinhas e nuvenzinhas que eram fofonas.
Não durou muito e a alegria de Iemanjá acabou, porque as
nuvenzinhas nasceram e foram todas embora rapidamente para o òrun, para o céu
mais distante ainda de Iemanjá.
Olodumare pensou: “Preciso ser mais firme e mudar esta
paisagem local”.
Batendo palmas com força, provocou uma rachadura numa rocha
e dela começou a sair muita água. A água cortava a rocha com violência e
ocupava diversos espaços. A água jorrava para todos os cantos.
Assim, criaram-se os rios, lagos, mares e oceanos. Sem
contar a porção de terras que a água não conseguiu ocupar.
- Que odara! Que
bonito! – murmurou a princesa Iemanjá,- É lá que eu quero morar.
Oludumare pegou nas mãos da princesinha Iemanjá e a levou
para um lindo local entre a areia e onde as ondas já chegavam enfraquecidas com
suas espumas brancas.
- Aqui, minha princesinha será a sua morada. Para que não
fique sozinha, estou lhe ofertando saudáveis algas marinhas, diversas
estrelinhas do mar, madrepérolas sem-fim para que enfeitem seus cabelos e seu
corpo, inúmeras conchas de todos os tipos, os mais puros corais, fios de prata
para tecer sua nova roupa, enfim, tudo o que você precisa.
Cuide bem deste seu
tesouro – disse Olodumare.
Como presente final, Olodumare estendeu novamente as mãos
sobre a barriguinha da princesa Iemanjá e ela começou a aumentar. Quando
Iemanjá abriu a boca, saíram diversos seres protetores, os orixás, com a
incumbência de povoarem o planeta Terra.
Nasceram Ossaim, Oxóssi, Ogum Xangó, Obaluaiyê e os Ibejis.
Assim, a princesinha Iemanjá não ficaria mais só.
Todos os novos parentes da princesa Iemanjá, felizes por
dela terem saído, fizeram uma grande roda, dizendo:
- Princesa Iemanjá, a Rainha do Mar. Princesinha Iemanjá, a
rainha do nosso ori, da nossa cabeça. Odô, Iyá!
Para ler sobre mitologia Iorubá:
Nenhum comentário:
Postar um comentário