domingo, 17 de novembro de 2013

Iemanjá e o poder da criação do mundo - Consciência Negra e Mulheres


Neste segunda postagem na Semana da Consciência Negra, apresentaremos outro livro infantojuvenil, que procura reforçar o empoderamento das meninas e o respeito à mitologia Iorubá.

O livro escolhido foi: 

"OMO-OBA- Histórias de Princesas"
 de Kiusam de Oliveira e ilustrações de Josias Marinho



Na apresentação do livro a escritora explica que:

As histórias deste livro mostram como princesas se tornaram, mais tarde, rainhas. 
Essas histórias vêm de fontes tradicionais conhecidas, contadas e recontadas pelo povo africano (iorubano) e afro-brasileiro, nas quais uma mulher Oduduwá criou o Planeta Terra e, se uma mulher teve esta capacidade, o poder está com ela.


Como todas as histórias antigas, quando infinitamente recontadas, podem ser interpretadas de diferentes formas, porque, ao recontá-las, cada pessoa reforça o conhecimento de que mais necessita. 

Neste livro, reforço características que julgo capazes de empoderar meninas de todos os tempos.

Que tudo se movimente!


Iemanjá e o poder da criação do mundo

Iemanjá era muito linda e também muito perfumada,  mais conhecida como a Rainha do Mar. Desde criança, Iemanjá tinha atributos como a beleza, a maternidade, a tranquilidade, o equilíbrio e a determinação. 

Adorava enfeitar seus cabelos crespos com pérolas brilhantes e estrelas do mar. Isto  porque o mar era a sua morada. Mas a princesinha Iemanjá tinha poderes especiais: podia criar, de dentro dela, as estrelas, as nuvens e os orixás. Suas cores preferidas eram prata e azul-claro.

Iemanjá era uma linda princesa menina que vivia sozinha no òrun, no céu. Não tinha com quem brincar, não tinha com quem conversar e não tinha com quem se alimentar.
Vivia sozinha entre vapores, labaredas de fogo e rochas. Olodumare-Olofim olhava para ela e não gostava do que via: a solidão da princesinha Iemanjá.



Certo dia, Olodumare pensou: “Vou dar um presente à princesa Iemanjá para que ela não se sinta tão só”.
Estendeu as mãos sobre a barriguinha da princesa e ela começou a aumentar.
- O que está acontecendo comigo, Olodumare?
Ele respondeu:
- Não fale nada, apenas abra a boca.

Quando a princesa Iemanjá abriu a boca, saíram dela milhares de estrelinhas. Eram estrelinhas de todos os tamanhos. Estrelinhas que brilhavam mais e estrelinhas que brilhavam menos.
Não durou muito e a alegria de Iemanjá acabou, porque as estrelinhas nasceram e foram todas embora rapidamente para o òrun, para o céu mais distante ainda de Iemanjá.
Olodumare não desistiu: estendeu novamente as mãos sobre a barriguinha da princesa e ela começou a aumentar. Iemanjá, desta vez, já sabia que nada deveria falar.
Quando a princesa Iemanjá abriu a boca, saíram dela milhares de nuvenzinhas. Eram nuvenzinhas de todos os tamanhos. Nuvenzinhas que eram fofinhas e nuvenzinhas que eram fofonas.


Não durou muito e a alegria de Iemanjá acabou, porque as nuvenzinhas nasceram e foram todas embora rapidamente para o òrun, para o céu mais distante ainda de Iemanjá.

Olodumare pensou: “Preciso ser mais firme e mudar esta paisagem local”.
Batendo palmas com força, provocou uma rachadura numa rocha e dela começou a sair muita água. A água cortava a rocha com violência e ocupava diversos espaços. A água jorrava para todos os cantos.
Assim, criaram-se os rios, lagos, mares e oceanos. Sem contar a porção de terras que a água não conseguiu ocupar.
- Que odara!  Que bonito! – murmurou a princesa Iemanjá,- É lá que eu quero morar.

Oludumare pegou nas mãos da princesinha Iemanjá e a levou para um lindo local entre a areia e onde as ondas já chegavam enfraquecidas com suas espumas brancas.
- Aqui, minha princesinha será a sua morada. Para que não fique sozinha, estou lhe ofertando saudáveis algas marinhas, diversas estrelinhas do mar, madrepérolas sem-fim para que enfeitem seus cabelos e seu corpo, inúmeras conchas de todos os tipos, os mais puros corais, fios de prata para tecer sua nova roupa, enfim, tudo o que você precisa. 
Cuide bem deste seu tesouro – disse Olodumare.




Como presente final, Olodumare estendeu novamente as mãos sobre a barriguinha da princesa Iemanjá e ela começou a aumentar. Quando Iemanjá abriu a boca, saíram diversos seres protetores, os orixás, com a incumbência de povoarem o planeta Terra.

Nasceram Ossaim, Oxóssi, Ogum Xangó, Obaluaiyê e os Ibejis. Assim, a princesinha Iemanjá não ficaria mais só.
Todos os novos parentes da princesa Iemanjá, felizes por dela terem saído, fizeram uma grande roda, dizendo:
- Princesa Iemanjá, a Rainha do Mar. Princesinha Iemanjá, a rainha do nosso ori, da nossa cabeça. Odô, Iyá!







Para ler sobre mitologia Iorubá:



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