Oxum, orixá d'água doce |
Das "histórias de princesas" que contei neste mês, a postada aqui, foi a preferida da maioria das turmas. Talvez o motivo seja o mel de Oxum (e mais o seu perfume e a sua dança); ou talvez por Ogum ter fugido da cidade para uma floresta, por estar cansado demais de tanto trabalhar para os outros. Além disso no sincretismo religioso Ogum é identificado por São Jorge, Santo extremamente querido nas comunidades.
Oxum e seu mistério
Oxum era muito linda e perfumada e todos os meninos e
meninas desejavam ficar perto dela. Desde criança, Oxum tinha como atributos a
beleza, a vaidade, o atrevimento, a genialidade, a determinação e a
maternidade.
Sabia ser guerreira, mas preferia cuidar de sua beleza: de unhas,
de seus cabelos, de sua pele e das jóias de ouro que só ela possuía. Mas a
princesa menina Oxum tinha conhecimentos que ninguém mais tinha: ela conseguia
hipnotizar com a sua beleza quem ela quisesse. Suas cores preferidas eram amarelo-ouro
e dourado.
Oxum, era uma princesa menina que encantava a todos com a
sua beleza e com o seu perfume. Gostava de usar seu adê, sua coroa toda de
ouro, tendo nas pontas ouro no formato de gotinhas de chuva. Era um encanto, um
brilho só.
Como princesinha Oxum era vaidosa! Andava o tempo todo com
um espelho na mão esquerda, mas não se esquecia de sua adaga na mão direita.
Ogum também era amiguinho de Oxum, mas por ela ele nutria um
sentimento de bem-querer profundo e ele pensava: “Como eu gosto de Oxum!”
O menino Ogum, mesmo criança, trabalhava muito e tinha a
responsabilidade de construir objetos de ferro: utensílios e ferramentas
agrícolas em geral. Ele era o melhor e nem homens adultos conseguiam fazer o
que o menino Ogum conseguia.
Mas, um dia, Ogum se cansou de tudo aquilo, parou de
produzir tais objetos e decidiu a ir morar sozinho, no meio da floresta. Com o
tempo, os objetos que só Ogum sabia fazer começaram a fazer falta na cidade e
as pessoas já não tinham mais instrumentos para plantar e colher.
Assim, todas
as pessoas começaram a passar fome.
Vários amigos de Ogum, menos Xangô, foram procurá-lo na
floresta, mas foram expulsos de lá. Então, todos os homens daquela cidade se
reuniram em uma assembleia para discutir o que fariam com o menino Ogum.
Oxum, muito atrevida, foi à assembleia e disse:
- Senhores, eu quero ir à floresta tentar trazer meu amigo
Ogum de volta para a cidade.
Todos duvidaram do sucesso dela, mas resolveram deixá-la
tentar.
Oxum vestiu uma saia com lenços pendurados e perfumados que,
com o vento, esvoaçavam. Tirou seu adê, sua coroa, soltou seus lindos cabelos
negros e crespos e colocou os pés em contato com a terra. E assim, foi em direção ao sítio onde Ogum estava acampado.
Quando a princesa Oxum avistou a cabana de Ogum, fingindo
não ter visto nada, começou a dançar com a graça das águas calmas, delicada...
suave... num leve vaivém.
Dos movimentos
que seu corpinho de princesa fazia, um perfume delicioso exalava e este perfume
chegou à cabana de Ogum.
- Que perfume delicioso é este? –
perguntou-se o menino Ogum.
E saiu para ver de onde vinha o
perfume. Eis que viu sua querida Oxum dançando lindamente com o vento. Mas Oxum
fazia de conta que não estava vendo seu amigo Ogum.
Conforme Oxum dançava para Ogum,
que já estava escondido entre os arbustos, cada vez mais ela se aproximava
dele. Quando Oxum estava bem pertinho dele, já hipnotizado por tanta graça e
beleza, viu uma colmeia de abelhas e disse:
- Abelhas, abelhinhas. Derramem
seu mel em minhas mãos para que eu possa adoçar o coração de um menino que
precisa voltar para seus afazeres na cidade.
As abelhas, encantadas com a
beleza de Oxum e com a delicadeza com que havia feito o pedido, abriram uma
fenda na colmeia e o mel começou a escorrer nas mãos de Oxum. O mel brilhante
como o ouro que escorria nas mãos de Oxum era passado na boca do menino Ogum,
que estava adorando toda a doçura. Oxum cantava:
- Tome o mel, meu amigo, mas venha
para a cidade comigo.
Ogum saboreava o mel, acompanhava
a dança de Oxum e entre mel, perfume e dança, quando percebeu, já estava na
cidade.
Todos os amigos do menino Ogum,
crianças e adultos, começaram a aplaudir o seu retorno; assim os utensílios
voltariam a ser feitos e Ogum reassumiria suas funções de ferreiro.
Ogum fez de conta que voltou por
conta própria e disse:
- Prometo nunca mais abandonar a
cidade nem meu ofício de ferreiro. Agradeçam a Oxum, que me fez voltar para cá.
E todas as pessoas que lá estavam
gritaram:
- Ora, iê, iê, princesinha Oxum.
Do Livro: Omo- Oba – Histórias de princesas- de Kiusam de Oliveira e ilustrações de Josias Marinho.
Desenhos de alunos de 8 anos sobre a história.
Estou sem scanner e máquina fotográfica (tem uns períodos que estragam tantas coisas) então as imagens ficaram péssimas.
Para ler sobre Ogum:
Ogum no sincretismo religioso é identificado por São Jorge |
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