quinta-feira, 25 de julho de 2013

Para que a escrita seja legível


Texto abaixo, reescrito a partir de outro texto postado neste blog anos atrás.


(Pintura- Kandinsky)

Para que a escrita seja legível

Cecília Meireles


Para que a escrita seja legível,
é preciso dispor os instrumentos,
exercitar a mão,
conhecer todos os caracteres.
Mas para começar a dizer
alguma coisa que valha a pena,
é preciso conhecer todos os sentidos
de todos os caracteres,
e ter experimentado em si próprio
todos esses sentidos,
e ter observado no mundo
e no transmundo
todos os resultados dessas experiências.

Maio, 1963.


Minha escrita não tem sido muito legível, e até em alguns momentos nem eu mesma ando conseguindo decifrar, ler ou entender todos os caracteres, palavras e frases que tenho utilizado para expressar-me.

Como ignoro muitas coisas da vida, mas por sorte sou curiosa e amo estar aprendendo, não sobra muito tempo para ficar exercitando e praticando o ato da caligrafia e do traço perfeito.      

Meu ser definiu como prioridade, viver da melhor forma possível, simples e alegremente, cada dia. 
Neste aprendizado constante, algumas vezes surge a necessidade de registrar algumas histórias, relatos e impressões do que tenho vivenciado e que passam pelos meus 7 sentidos*.

Ver o bater das asas de uma borboleta ou gastar o meu tempo ouvindo o canto dos passarinhos da janela do meu quarto, é muito mais importante do que estar atrás da perfeição na vida. 
E a vida  passa muito rápido, e eu não posso me dar ao luxo de ter uma "vida escrita em um bloco de rascunho", porque provavelmente não terei tempo de passá-la a limpo.

(7 sentidos*: visão, paladar, olfato, tato, audição, ciência/conhecimento e intuição/espiritual).
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Semana que vem retornaremos a nossa rotina de trabalho (fim de recesso escolar de inverno),e apesar de parecer que a minha vida ficou suspensa por um período, posso afirmar que descobri aspectos interessante no mundo que eu desconhecia.

Apesar dos últimos dias, ter a sensação constante de que tudo esta prestes a desaparecer no ar e de uma dúvida constante me acompanhar: "será que tudo que senti e vivi, nestes dias não passaram de uma bela e doce ilusão, muito bem inventada, por uma contadora de histórias. 


Algumas vezes, não temos certeza da resposta. 

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O bom é que tenho notado que meu filho está muito melhor de saúde e juro, não é a fala de mais uma mãe coruja, ele realmente esta se tornando um cara muito legal. 

Guardei na memória destes últimos dias alguns fatos:

Meu filho falando com outra pessoa: " Ela (falando de mim) só está tentando me ajudar a ser feliz".

Ontem, depois que um taxista fez uma manobra dando ré no carro,  bem no meio de uma rua de mão dupla, quase na esquina e, eu neste exato momento entrava na rua. 
Quase parei em cima do táxi, o motorista só me olhou e fez uma cara do tipo "eu sou mau", falou algo que eu não escutei (mas imagino). Meu filho, apenas comentou: "Ele faz errado e te olha daquele jeito. E como as palavras podem ser tão machistas, e ainda usam nomes de animais, como pode ser assim? 

Estava ouvindo música na segunda-feira, ele me olhou e perguntou se eu queria o cd do Pink Floyd e do coldplay da coleção dele, depois ele me trouxe de presente. Fiquei bem contente, só depois descobri a verdadeira intenção, ele queria negociar a compra de um livro com o meu cartão. Como dizem, certas coisas fazem parte da relação entre pais e filhos.

Nossa dificuldade na relação continua sendo na hora do almoço. Esta semana eu estava cozinhando, lendo, twittando e vendo tv. 
Daqui a pouco o Marcos grita: "Mãe, faz o favor, vê se não deixa a comida queimar de novo". É óbvio, que eu fiquei chateada, eu não tinha queimado nada nos últimos dias. E não queimei também neste dia, só coloquei um pouco a mais de sal na carne assada, mas deu para comer. Como disse, nem tudo pode ser perfeito.

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Voz que se cala

Florbela Espanca

Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

(...)

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é infinito e pequenino!



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