Sexta-Feira Santa, dia de reflexão.
Em fevereiro, dois ex-alunos da Escola, com menos de 18 anos, entraram na lista de homicídios de crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul.
Quem é professor sabe quantos alunos já perdeu nesta guerra, pois não resta dúvida que a violência urbana no Brasil, tem apresentado taxas maiores de homícidios do que as dos países que estão em conflito.
Educadores convivem diariamente com alunos que carregam em suas histórias de vida, as marcas da violência.
No Brasil e no nosso Estado, vivemos com altas taxas de homícidios e com altos indíces de violência contra mulheres, meninas, crianças e adolescentes.
"Mas como a sexta maior economia do mundo, que não possui conflitos étnico-religiosos ou políticos, enfrenta um problema tão grave?"
E o mais importante o que estamos fazendo para alterar estes dados e esta cultura de violência que permeia a nossa sociedade.
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Violência urbana: Homícidios no Brasil superam números de países em guerra
José Renato Salatiel
Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/atualidades/violencia-urbana-homicidios-no-brasil-superam-numeros-de-paises-em-guerra.htm
Guerra
Segundo o Mapa da Violência 2012, elaborado pelo Instituto Sangari, o número de assassinatos no país passou de 13.910 em 1980 para 49.932 em 2010, correspondendo a um aumento de 259% ou o equivalente ao crescimento de 4,4% ao ano. A taxa de homicídios que era de 11,7 para cada 100 mil habitantes atingiu, no mesmo período, 26,2.
O número é superior a países em conflitos, como Iraque e Afeganistão, e comparado a nações africanas e caribenhas com governos e instituições precárias e instáveis. Na América do Sul, somente Venezuela (45,1) e a Colômbia (33,4) possuem taxas maiores. A Venezuela é assolada por uma crise financeira e pela escassez de alimentos, enquanto a Colômbia vive conflitos com narcotraficantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
A ONU considera aceitável o índice de 10 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Nessa faixa estão países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, europeus e asiáticos. O Brasil, porém, com mais do que o dobro desse patamar, se alinha às nações mais pobres da América Latina e África.
Mas como a sexta maior economia do mundo, que não possui conflitos étnico-religiosos ou políticos, enfrenta um problema tão grave?
Miséria
As causas do aumento da violência no Brasil são complexas e envolvem questões socioeconômicas, demográficas, culturais e políticas. O assunto tem sido discutido, nos últimos anos, por pesquisadores de diferentes áreas, incluindo a médica, pois os assassinatos estão entre as principais causas de mortes de jovens no país.
A pobreza e a desigualdade social são comumente apontadas como fatores que estimulam a violência e a criminalidade. De fato, jovens que vivem em comunidades carentes são aliciados por traficantes e veem no crime uma opção de vida.
Porém, a redução dos índices de pobreza do país não foi acompanhada de semelhante queda nos índices de criminalidade. Na última década, 40 milhões de brasileiros saíram da pobreza em razão da estabilidade econômica e programas sociais. No mesmo período, de 2000 a 2009, a taxa de homicídios permaneceu estável: 26 mortes por 100 mil habitantes, com reduções significativas apenas em São Paulo e Rio de Janeiro.
Além de falhar nos fatores preventivos – fornecendo educação, moradia e emprego para famílias carentes – o Estado também falha na repressão ao crime organizado. As polícias civil e militar no Brasil são mal remuneradas e conhecidas pela corrupção e truculência. A violência policial no país é constantemente alvo de denúncias por entidades como a Anistia Internacional, em casos emblemáticos como os massacres do Carandiru (1992) e da Candelária e do Vigário Geral (1993).
Por outro lado, o sistema penitenciário, que deveria contribuir para a recuperação de criminosos, tornou-se foco de mais violência e criminalidade, em cadeias e presídios superlotados. Dados do Governo Federal apontam que, entre 1995 e 2005, a população carcerária cresceu 143,91%, passando de 148 mil para 361 mil presos. De 2005 a 2009, o crescimento foi de 31,05%, chegando a 474 mil detentos. Hoje, há um déficit de 195 mil vagas no sistema prisional brasileiro.
Há, por fim, uma sensação de impunidade, provocada pela lentidão da Justiça brasileira. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de 90 milhões de processos que tramitaram nos tribunais em 2011, 71% (63 milhões) encerraram o ano sem solução, ou seja, de cada 100 processos, 71 não receberam sentenças graças ao acúmulo de trabalho e à burocracia.
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Taxa de homicídios cresce 33% entre jovens. Mapa da Violência 2012 revela aumento de vítimas de zero a 19 anos, no Estado, na década
Fonte: Zero Hora -19 de julho de 2012 | N° 17135
Letícia Costa
Na última década, o Rio Grande do Sul teve um aumento significativo na taxa de homicídios, de pessoas de zero a 19 anos. Enquanto o crescimento entre os anos 2000 e 2010 ficou no patamar de 15,8% no país, o Estado registrou mais que o dobro (33%), com uma média de 9,5 mortes para cada 100 mil crianças, adolescentes e jovens no ano passado.
É consenso entre quem convive diariamente com o tema violência que o aumento de assassinatos nessa faixa etária está diretamente ligado ao poder destruidor das drogas. Tanto para o secretário Estadual da Justiça e dos Direitos Humanos (SJDH), Fabiano Pereira, quanto para o delegado Andrei Vivan, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), este crescimento explanado no “Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil”, divulgado ontem, só poderá ser freado com um investimento preventivo, antes mesmo da adolescência.
Coordenado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, o estudo aponta que, em 2010, 24 pessoas desta faixa etária foram assassinadas por dia no país.
– Esses números têm uma relação direta com brigas de gangues, disputa de território, dívidas com relação às drogas. Acho que o grande esforço que nós temos de fazer é no trabalho de prevenção. Atualmente, nos lugares de maior índice de violência no público jovem do Rio Grande do Sul, estamos fazendo um projeto de centros de juventude que é um espaço para incentivar eles a irem por outro caminho – afirma o secretário Fabiano Pereira.
Mortes pela criminalidade superaram casos de trânsito
Se comparado a outros Estados, o Rio Grande do Sul não está na pior posição. Pelo contrário, ocupa o sétimo lugar com menos homicídios de jovens no ano passado. O dado de 9,5 mortes para cada 100 mil crianças e adolescentes também é menor que a média nacional de 13,8.
– Não posso comemorar que temos menos homicídios do que outros Estados, é preciso reduzir este aumento – reforça o secretário Estadual da Justiça e dos Direitos Humanos (SJDH).
Em termos gerais, uma das principais mudanças apontadas no estudo é a de que até 1997, quando foi instituido o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a maior causa da mortalidade de crianças e jovens era os acidentes de trânsito. Desde então, os homicídios tomaram a frente dos tristes números e lideram nos óbitos por causas não naturais.
Violência sexual e física também foram estudadas
A partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, o estudo também analisou os números de atendimentos por violência no Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado. A agressão física foi a mais registrada, com 40,5% do total de atendimentos de crianças e adolescentes, principalmente na faixa de 15 a 19 anos.
Em segundo lugar, está a violência sexual, notificada em 20% dos atendimentos, com maior incidência entre os cinco e os 14 anos.
A coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do Ministério Público do RS, Maria Regina Fay de Azambuja, destaca na pesquisa o local em que ocorrem a maior parte das ocorrências: a própria residência da criança e do adolescente.
– O maior problema é com a violência intrafamiliar, tanto física quanto sexual. O lugar mais vulnerável da criança é, em disparado, na família – alerta.
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Juventude brasileira grita contra genocídio de jovens negros
Rachel Duarte
A alta taxa de morte entre jovens negros continua sendo um dos fatores mais preocupantes no Brasil. Mais de 70% dos homicídios registrados no país em 2010 foram de negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. A realidade foi diagnosticada em um Mapa da Violência lançado há dois anos pelo governo federal. Desde então, poucas ações para o enfrentamento desta realidade foram colocadas em prática. Por esta razão, a luta contra o extermínio de jovens negros é uma das principais bandeiras da Jornada Nacional de Lutas da Juventude Brasileira. A partir desta semana até o final de abril, mais de 30 movimentos sociais se unirão nas principais capitais para erguer as bandeiras contra o racismo e por mais emprego e educação para juventude.
O homicídio é a principal causa de morte entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos. Além disso, os jovens mais afetados têm escolaridade baixa e não chegam a completar o ensino fundamental. A juventude negra é de longe a que mais sofre com esse massacre e a diferença tem aumentado em relação aos brancos. Ao mesmo tempo em que o número de homicídios de jovens brancos caiu 30% de 2002 a 2008, entre os negros subiu 13%. Disso resulta que, se em 2002, a probabilidade de um jovem negro morrer era 45% maior do que a de um branco, em 2008 esse índice atingiu assustadores 127%.
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/03/juventude-brasileira-grita-contra-genocidio-de-jovens-negros-no-brasil/
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A violência contra a mulher
SUS atende 2,5 vezes mais mulheres vítima de agressões do que homens
Fonte: Correio do Povo.com.br - 25/11/2012
Brasil gasta R$ 5,3 milhões apenas com internações
A violência contra mulheres no Brasil causou aos cofres públicos, em 2011, um gasto de R$ 5,3 milhões somente com internações. Foram 5.496 mulheres internadas no Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado em decorrência de agressões.
Além das vítimas internadas, 37,8 mil mulheres – entre 20 e 59 anos – precisaram de atendimento no SUS por terem sido vítimas de algum tipo de violência. O número é quase 2,5 vezes maior do que o de homens na mesma faixa etária que foram atendidos por esse motivo, conforme dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
A socióloga Wânia Pasinato, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), destaca que além dos custos financeiros, há “enormes prejuízos sociais” gerados pela violência contra a mulher. Ela citou estudos que indicam, por exemplo, que homens que presenciaram cenas de violência doméstica durante a infância tendem a reproduzir, com mais frequência, características de dominação e agressividade em suas relações afetuosas.
“Os danos para a sociedade são enormes, com perdas em diversas esferas. Além de impactar a forma como os filhos dessas relações vão constituir suas próprias relações no futuro, as mulheres vítimas de violência deixam de produzir e de se desenvolver como poderiam no mercado de trabalho”, explicou, acrescentando que também é comum que as vítimas incorporem a violência e a agressividade em seus relacionamentos e nas formas de comunicação.
A diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, organização não governamental que atua em projetos de defesa dos direitos da mulher, Jacira Vieira de Melo, destacou que os números confirmam que, apesar de a Lei Maria da Penha, criada há seis anos, ser uma referência nacional e conhecida pela maioria da população, a violência contra a mulher ainda é um grave problema social. Ela defende que para enfrentar a questão é preciso fortalecimento das políticas públicas e incremento orçamentário.
“Pesquisas de opinião indicam que mais de 95% da população já ouviram falar na lei, que prevê punições severas para os agressores. Ela tem contribuído para que a violência contra a mulher cada vez mais seja vista como violação de direito fundamental, como crime, mas as estatísticas mostram que a questão continua sendo um grave problema social”, disse, lembrando que a violência é a maior causa de assassinatos de mulheres no Brasil.
Dados do Mapa da Violência 2012, estudo feito pelo sociólogo Julio Jacobo, atualizado em agosto deste ano, revelam que,de 1980 a 2010, foram assassinadas no país quase 91 mil mulheres, das quais 43,5 mil somente na última década. De 1996 a 2010 as taxas ficaram estabilizadas em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres.
Com informações da repórter Leda Malysz