Krokô e galinhola

Com a turma A34,  percebo que uma das atividades que mais há envolvimento do grupo como um todo é na hora da contação de história. Todos eles escutam atentamente, até os mais agitados conseguem parar e concentrar-se até o final da atividade. 

Nesta semana contei a história de dois livros: "O menino e o jacaré" e "Krokô e galinhola" da autora e ilustradora Maté.

No link abaixo mais informações dos livros:
http://bibliotecamorrodacruz.blogspot.com.br/2013/05/um-conto-africano-e-um-mito-indigena.html

No livro "Krokô e galinhola", o crocodilo procura a genealogia da sua família em uma caverna secreta, onde encontra pinturas rupestres (abaixo a ilustração do livro).

No livro "Pintura Aventura" de Katia Canton, mostramos aos alunos que as primeiras pinturas foram realizadas pelos homens das cavernas. Eles desenhavam com carvão vegetal e pintavam cenas do dia a dia ou de animais. A tinta era obtida das sementes e líquido de plantas e outros materiais que encontravam na natureza. 
Lembramos que os índios Kaiapós que aparecem no livro "O menino e o jacaré" executam pinturas corporais e retiram o vermelho do urucum, o preto do jenipapo e o azul turquesa é feito com a casca do ovo do azulão.

Com os alunos, observamos que nas páginas do livro "Krokô e galinhola" aparecem alguns desenhos que passeiam pelas páginas. Lemos a página do livro intitulada Curiosidade, onde encontramos a explicação que a escritora e ilustradora, inspirou-se nos motivos tradicionais do povo Kuba, da África central.

Alguns jacarés criados pela turma

"A ciranda das mulheres sábias"

Estas últimas semanas muitas amigas e colegas ficaram doentes, fui buscar um livro de consolo na estante. Acabei escolhendo um que ganhei de uma  grande amiga há algum tempo atrás. 

Como a gente gosta de partilhar alegrias, livros,informações e conhecimentos selecionei alguns trechos do livro "A ciranda das mulheres sábias" de Clarissa Pinkola Estés.

"... Que você sempre se lembre de estar conectada à alma, se for visão e força o que deseja,

... e de estar conectada ao espírito, se for energia e determinação que necessitar para agir pelo seu próprio bem e pelo mundo,

... e, se for sabedoria o que quiser, que você sempre una o espírito à alma, ou seja, una a ação à paixão, a ousadia à sabedoria, a energia à profundidade...

(...) A alma e o espírito têm instintos excelentes. Trate de usá-los.

A alma e o espírito têm admiráveis dons do coração. Trate de desdobrá-los.

A alma e o espírito têm a capacidade de ver longe, remar muito e se curar razoavelmente bem. Trate de usá-la."



“Quando uma pessoa vive de verdade todos os outros também vivem.”

Clarissa Pinkola Estes

" (...) pelas filhas que absorvem o bom senso e as atitudes necessárias trazidas por espíritos de sabedoria, ásperos e evanescentes que aparecem em sonhos noturnos... pelas filhas que estão aprendendo a escutar a velha sábia da psique, aquela estranha sensação interior de nítida percepção, de audição, noção e ação intuitivas... pelas filhas que sabem que essa fonte de sabedoria interior é como uma panela de mingau dos contos de fadas que, por mágica, nunca se esvazia por mais que se derrame seu conteúdo...

Por elas...
abençoadas sejam suas belezas, tristezas
e buscas; que sempre se lembrem de 
que perguntas ficam sem respostas,
até que sejam consultados os dois modos
de enxergar: o linear e o interior."
Clarissa Pinkola Estés


Foto de Colbert "Ashes and snow"

Aviventar

Momento de reencontrar ânimo, reabrir caminhos e fortalecer-se para as futuras batalhas da vida.

"E a palavra se fez carne"

Aviventar do dicionário: Fortalecer, reanimar.

Sinônimos de aviventar: alentar, alimentar, animar, confortar, encorajar, estimular, respirar, sustentar, encorajar, degelar, acender, aquecer, despertar, reeguer, bafejar, incentivar.

Ser leitor

Estou com uma seleção de livros para ler para os alunos da minha turma e alguns ao longo do ano pretendo ter o prazer de desfrutar. Hoje com a chuva deixei muitas  tarefas de lado e resolvi tirar um bom tempo para viajar pelas páginas de um livro.
Sou leitora do mundo e de livros há muito tempo.

Ser leitor é ao mesmo tempo estar em solidão e dialogando com "outros" (lugares, seres, sentimentos, emoções, ideias, culturas....).

Lembrei de um trecho da obra "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry, a raposa diz para o príncipe:

" (...) - Por favor...cativa-me! - disse ela.

- Eu até que gostaria - disse o principezinho - , mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

-Que é preciso fazer? perguntou o pequeno príncipe.

- É preciso ser paciente - respondeu a raposa.(...)"

Formar leitores é como formar amigos, é preciso ter paciência, dar tempo para que cada um descubra  o prazer de ler e o tipo de livro ou livros lhe agradam.

Para lermos ainda devemos aprender a exercitar a nossa imaginação e a nossa inteligência. É como seguir um coelho maluco e engraçado, cair num buraco profundo, chegar em um País das Maravilhas, onde acontecem coisas absurdas que nos levam a pensar e nos divertir, e somente no final, ao sair deste buraco, entendemos um pouquinho (pouquinho mesmo) mais do sentido da vida e do mundo.

Os livros acima são do meu filho e nenhum deles eu dei a ele de presente. Ele comprou em diferentes momentos com a sua mesada. 

Fico alegre em saber que pelo menos um leitor eu consegui formar. E hoje percebo que muitas das nossas preferências em matéria de literatura são muito parecidas.

Feliz Dia das mães!

Filho de professora sabe que ela acaba dedicando muito do seu tempo livre refletindo, planejando e organizando material para o seu trabalho em sala de aula/escola. 

Mas sempre que podemos eu e meu filho tiramos tempo para fazer nada (ou melhor ler, ver filmes, caminhar ou ficar à toa mesmo). 

Marcos (meu filho) adora ler e tem um ótimo senso de humor. Sabendo que eu adoro o Calvin ganhei de presente o livro:

Charge que lembra a energia de muitos alunos da nossa Escola.

Desenhos de alunos de suas famílias

Trabalhando a construção de identidades e a autoestima

Desde março, tenho realizado diversas atividades com a turma A 34, visando a construção de identidades e a autoestima dos alunos, cito como exemplo: o trabalho com o nome completo do aluno, os nomes de seus familiares, o dia do aniversário (tem uns dois que ainda não trouxeram a resposta de casa), os sonhos e desejos futuros, fotografei-os, preenchemos fichas de identidade e etc....

Há umas duas semanas iniciamos a circulação de um caderno chamado "Questionário" (lembrei que escrevi em muitos destes cadernos na minha adolescência). Este caderno a cada dia, vai para a casa de um aluno diferente, nele coloquei questões simples, mas para responder é preciso pensar sobre si mesmo, por exemplo: idade, onde nasceu, signo, animal de estimação, cor preferida,  comida que mais gosta, música que prefere, gosta de alguém, sonho para o futuro e etc...

Muitos dos alunos estão trazendo as questões preenchidas,  pois tenho um grupo que já consegue ler e escrever e sabem fazer se ajuda, tenho um outro grupo que os pais/irmãos colaboram nas atividade a serem realizadas em casa. Mas, há ainda um outro grupo em sala de aula, bastante significativo, que devolve o caderno sem conseguir preencher nada, com estes sento e ajudo-os a responder as questões. Além de perceber as dificuldades  que cada aluno tem em  relação a alfabetização, também noto o apoio e o comprometimento de cada família em relação a aprendizagem do seu filho. 

A ideia deu tão certo, que fiquei sabendo que uma turma do 3º ciclo já inventou o seu próprio caderno (um dos alunos da minha turma  tem uma irmã mais velha, que estuda nos anos finais e parece que a ideia foi passada adiante.)

                                    
                                     Caderno "Questionário"

Outro caderno que circula na turma é o de "Poesias". Muitas meninas, adoram escrever bilhetes e poesias umas para as outras. A partir desta observação, criei um caderno onde cada aluno o leva para casa e escreve ou copia uma poesia ou frase de seu gosto.

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Apresentei nesta semana para a turma o livro "Frida" de Jonah winter com ilustrações de Ana Juan, depois conversamos sobre a história de vida desta pintora.

No dia seguinte, trabalhei com eles o livro "Frida Kahlo"de Jill a. Laidlaw. Apresentei alguns auto-retratos de Frida, pois ela sempre buscou explorar a si mesma por meio da pintura.

"... até agora, consegui apenas uma expressão genuína de meu próprio eu..."( Kahlo falando de sua obra).

Observamos alguns elementos marcantes nos seus auto-retratos como: sombrancelhas unidas (a primeira coisa que eles falaram), o olhar, o rosto e as cores.

Depois distribui impresso a fotografia de cada um deles e pedi que criassem o seu próprio auto-retrato.
Abaixo, os auto retratos dos alunos que estavam naquele dia na escola, sendo que dois não realizaram a proposta.

Início da noite de domingo, começo a minha organização para o dia de amanhã na escola (planejamento, material, livros). Hoje a rotina está sendo modificada, pois primeiro estou tentando aceitar o fato de que passei mais da metade da tarde/início da noite, dormindo/sonolenta, com dor no corpo, febre e cansada (e ainda me sinto péssima). Em síntese, quero dizer que meus planos da tarde de domingo foram para o ar. 

As bonecas de pano que seriam costuradas na tarde, para iniciarmos o trabalho "Literatura na família" com os alunos da minha turma a partir de amanhã, ficarão para a próxima semana.

Assim como o livro que não terminei de estudar. Sinto que estou com dificuldade  de lidar com as frustrações diárias, as quais todos nós, quase sempre conseguimos chutar para longe.

Na minha profissão, uma das grandes sabedorias adquiridas é saber aceitar que entre o desejo do professor, o desejo do aluno, a realidade e as possibilidades colocadas, muitas vezes há um abismo.