quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fica comigo - literatura infantil

Mais um livro da coleção de quando meu filho era pequeno ( e agora virou minha coleção, é claro)


Fica comigo

Georgina Martins
Ilustrações de Elisabeth Teixeira

- Mamãe, eu tô com medo! Você me protege?




- É claro, meu amor.
- Mamãe,eu tenho medo do escuro!
- Não fique preocupado! A mamãe vai proteger você.
- Mas se ele quiser me pegar, você me protege mesmo?





- Meu filho, o escuro nunca vai lhe pegar, não tenha medo.
- E se aparecer um monstro horrível, com uma cara horrível e uns dentes enormes querendo me comer?
- A gente fica bem juntinho, e aí ele vai embora.





- Mas se aparecer uma bruxa e quiser me levar?
- A mamãe não vai deixar.
- Eu tenho medo de bruxa!
 - Quando eu era do seu tamanho, também tinha medo de bruxa, mas a minha mãe me protegia e elas nunca me pegaram.
- E quando você for trabalhar? A bruxa vai me pegar!



- Não vai, não! Vou dar um jeito de deixar bem protegidinho.
- Mamãe, eu quero ir trabalhar com você.
- Meu amor, você não pode ir trabalhar comigo. Crianças não podem trabalhar; crianças precisam brincar.
- Quando você sair, onde eu vou ficar?
- Você vai ficar brincando com outras crianças.
- E se aparecer um dragão e quiser pegar a gente?





- Nenhum dragão vai conseguir.
- Por quê?
- Porque vai ter um monte de gente tomando conta de vocês.
Eu tenho medo de dragão!
- Não precisa ter medo! Os dragões não pegam crianças protegidas.




- Mamãe, eu não quero que você saia de perto de mim, eu tenho muito medo de ficar sem mãe. Fica comigo?





- Meu amor, às vezes, a mamãe precisa sair de perto de você.
- Por quê?
- Porque eu tenho outras coisas pra fazer, além de tomar conta de você ...
- Mamãe, eu posso ir com você?
- Querido, nem sempre eu posso levar você.
- Meu amor, mas enquanto você for pequenininho, você não vai ficar sozinho. Só quando você crescer!
- Não quero!



- Meu filho, quando você crescer, vai gostar de ficar sozinho.
- Mamãe, eu tô ficando com medo de ficar grandão.
- Não precisa ficar com medo, eu protejo você.
- Até quando eu ficar grande, assim ó: bem grandão, bem grandão?
- Quando você ficar grandão, com certeza vai saber se proteger sozinho.




- Quando eu ficar bem grandão, você vai ficar pequenininha?
- Não, eu vou ficar velhinha!
- Mamãe, quando você ficar velhinha, também vai ficar bem fraquinha, não é? Então, o monstro, a bruxa e o dragão vão querer me pegar!
- Não vão, não! Você não vai mais ter medo de monstros ...
- Mas eu quero que você fique comigo para sempre!
- Tá bom! Mas um dia você não vai mais querer e nem vai mais precisar.





- Você vai sair agora?
- Vou, tenho um bocado de coisas pra fazer.
- Eu acho que tô ficando sem mãe!
- Meu filho,você não sabe que eu volto sempre?
- Mas a mãe do Paulinho não voltou e ele ficou sem mãe!
- Ah, meu filho, é que a mãe do Paulinho estava muito doentinha. Foi por isso que ela não voltou.
- Pra onde ela foi?
- Eu acho que agora ela está misturada com a natureza: está na terra, nas flores, no vento, na chuva...
- Em todos os lugares?
- Acho que sim.
- Um dia, você também vai ficar misturada com a natureza?




- Acho que vou.
- Mamãe, se você virar vento, não faz vento forte não?
- Pode deixar, meu amor, vou fazer um ventinho bem gostoso.



- E se você virar chuva, não vai fazer temporal, né?
- Não. Vou fazer uma chuva bem fininha, pra você olhar da sua janela e brincar de barquinho quando ela passar.
- Você não vai virar trovão, vai?
- Meu amor, eu nunca vou assustar você!



- Se você virar uma flor, eu vou poder plantar você aqui  em casa?
- Claro!
- Mas como eu vou saber que flor você é?
- É só você ir ao jardim e escolher a flor que mais gostar.




- E se você virar escuridão? Você vai me pegar?
- Não, se eu virar escuridão, você vai poder brincar com as sombras.
- De fazer coelhinho, cachorrinho e patinho?
- E tudo o que você quiser.





- Mas se eu ficar com medo de você sendo escuro?
- Quando você chegar perto eu clareio tudo!
- Você não vai ficar misturada com a natureza agora, vai?
- Não, querido. Agora a mamãe vai fazer outras coisas. Daqui a pouco eu volto, tá?
- Você me promete que volta mesmo?
- Prometo!
- E aí  você me protege de novo?
- Pode ter certeza de que sim, meu amor!
- Mãe, agora eu quero brincar com o Paulinho. Você me leva na casa dele e depois vai fazer as outras coisas?
- Levo, mas e agora, você ainda está com medo?
- NÃO!




Meu filho, também passei por essa situação na hora de ir trabalhar: " - Mãe fica comigo!"




sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ninguém gosta de mim? Literatura infantil


O livro infantil, dessa postagem,  apresenta alguns dos temores mais comuns das crianças pequenas.


Ninguém gosta de mim?


Ruth Rocha e Dora Lorch


Ilustração: Walter Ono


Sabe que eu tenho muito medo?
Quando a mamãe sai e eu fico sozinho, tenho muito medo que ela não volte mais...

- Mas ela sempre volta, porque ela é a minha mamãe!

Quando eu saio com o papai, às vezes não vejo o papai junto de mim. E penso que não vou encontrar o papai nunca mais!
Mas ele sempre me encontra, porque ele sempre me procura!


Às vezes, na escola, meu pai custa a chegar.
Então eu penso se ele não levou outra criança no meu lugar...
Que nada! Meu pai pode demorar, mas ele sempre chega! E não me troca, que ele me conhece muito bem e é de mim que ele gosta!


Às vezes me dá um medo que a minha mãe fique muito, muito brava e brigue comigo e eu vou ficar com muita raiva dela e ela não vai mais gostar de mim...



Ela fica brava mesmo. Ela briga comigo e tudo.
E eu fico com raiva dela, mas ela continua a gostar de mim.
Quando a minha mãe brinca muito com as outras crianças, eu acho que ela nunca mais vai ligar pra mim. Então eu fico com muita inveja e quero que as outras crianças morram!



Mas aí ela brinca muito comigo e eu acho que ela gosta muito de mim.
Tem vezes que o meu pai quer que eu faça coisas que não quero. E ele fica muito bravo e eu fico com ódio dele! E eu fico com muito medo do que vai acontecer!


A gente briga, eu fico com ódio, mas ele não morre. A gente se gosta muito!



Tem vezes que eu me sinto tão sozinho... Acho que ninguém gosta de mim....



Mas aí a gente se junta e brinca e conversa.
E quando eles vão embora, eu não fico mais sozinho!
Eles agora estão no meu coração!




Já sinto saudade de meu filho quando era criança.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Por quê?


Nesta semana da criança, estou relembrando alguns livros que meu filho ganhou de amigos e familiares, todos que o rodeavam logo descobriam como ele os amava e como gostava de ouvir e ler histórias.

O livro infantil escolhido para essa postagem é uma obra de arte em defesa da tolerância, convivência, partilha e paz.






Por quê?

História imaginada e ilustrada por Nikolai Popov
Texto: Géraldine Elschner

Que flores belas, branquinhas como um dia de primavera, delicadas como a carícia da brisa. 
Que flores belas...
PifPuf!... Zuuum!
- Mas, que foi isso? Que azar! Três flores foram-se pelo ar!
E que, de dentro do canteiro delas, saiu um ratinho, abrindo caminho com a ponta de um guarda-chuva e com seu focinho.



O recém-chegado só tem olhos para a flor que a rã colheu para ela, como se todas as flores do  campo ele quisesse justamente aquela.






E solta o guarda-chuva pro lado e salta e se curva o ratinho danado.


E  da rá ele arranca a florzinha branca.



Sim senhor!
O guarda-chuva ali jogado, e o rato muito bem sentado cheirando a flor!

Ah!...
Mas  a rã não aceita o desaforo e pede logo por socorro.

Na mesma hora, seus amigos chegaram para a desforra, coaxando tão alto que o ratinho dá um salto e foge com sua presa, de tanta surpresa.

O Guarda-chuva largado é logo aproveitado e vira uma cesta. Que festa! Dentro dele vão sendo reunidas todas as flores colhidas.


E as rãs, muito amigas, começam a dançar e a cantar uma cantiga: 
Tra-la-la-li, e viva  a vi...


...Ra...ta...ta... trum!
Bum! Bum! BUM!




Mas as rãs são espertas e bastante!
Olhe uma delas puxando com um barbante a trave que sustenta a ponte, esperando que ela se desmonte...




E lá vai a ponte caído...
E as rãs, vitoriosas, estão rindo.





Os ratinhos fogem, pulando no ar...
Mas as rãs não querem saber de parar.


E os ratinhos voltam pela mesma trilha e esperam as rãs com uma boa armadilha:
E uma colcha toda florida.
Vem vindo as rãs na maior corrida!
tchum! Cada rato se esconde em seu buraco. E puxa em seguida a colcha florida!
E cada rã – chataprã!
Cai no fundo de um poço e quase quebra o pescoço!

Pode-se perceber que cada exército está resolvido a vencer os ratinhos de um lado....


... E as rãs do outro.
Chegou a hora!
Que será que vai acontecer agora?


Um campo de flor vira campo de batalha!
E a turma toda se mistura e se embaralha.


Os carros trombados estão arrebentados.


E aquelas flores tão belas foram todas esmagadas viraram nada.
Por quê?







"Todo mundo tem um anjo", foi o primeiro livro que meu filho ganhou, algumas amigas minhas o escolheram com todo carinho, eu estava com 6 meses de gestação. 
Faz algum tempo, mas mesmo assim não consegui ainda doar este livro, coisas de Mãe.


Livro de pano