segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

História infantojuvenil: Galinhola e o monstro escamoso- Parte I

Fazendo faxina neste final de semana,  encontrei um livro que já utilizei na Escola, e ainda não registrei o seu uso em nenhum blog. Sendo que a obra encontrada é da autoria de uma das escritoras infantojuvenis que mais estimo, por sua forma de contar histórias,  a escolha dos temas e como ilustra seus livros.



Vamos  ao registro da história:
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Galinhola e o Monstro Escamoso
-Uma aventura africana-

Por: Maté (texto e ilustração)



Em algum lugar da África Central...

-Tô fraca, tô fraca! - grita alto Galinhola, sacudindo  as asas para despertar.





O sol nem nasceu ainda, mas o estômago da galinha- d'angola já ronca baixinho, pedindo minhocas.Não chove há semanas, e muitos bichos vêm procurar comida nas águas rasas do rio Luvironza. 

É para lá que a pintada corre; quer chegar primeiro.
- Cadê as minhocas? - pergunta-se a angolinha. 
- Para onde foram? Estou gastando meu bico neste barro seco... e nada!

De repente, PLUFT! Alguma coisa pulou no rio. 


Na pouca luz da madrugada, Galinhola avista o que parece ser o rabo comprido de um bicho escamoso.
- Essa é boa! Agora até os crocodilos estão comendo minhocas? Que injustiça! Não deixarão nada para mim, vou morrer de fome! - resmunga a avezinha.


O sol raiou, e a galinha-pintada, que não é galinha-morta, decide tentar a sorte no pântano. 
Balança um buquê de juncos e levanta uma nuvem de pequenos gafanhotos. 
Escolhe o mais graúdo e já sente na boca o gosto do coitadinho quando, ZÁS!, surge do nada uma enorme língua vermelha e pegajosa, comprida que nem cipó e elástica que nem mola.



Por pouco não lhe rouba o gafanhoto do bico.

- Não é possível! - grita Galinhola, furiosa com o susto, a tempo de ver sumir no meio da folhagem um longo rabo coberto de escamas. 
- É ele, o meu ladrão de minhocas e agora de gafanhotos. Que bicho mais esquisito! Será uma mistura de crocodilo com camaleão?




Galinhola matuta, matuta e decide que é sua obrigação descobrir sobre o monstro antes de avisar os outros animais do perigo. Corajosa, vai seguindo a trilha do inimigo na floresta fechada: folhas pisoteadas, galhos quebrados e , nas poças de lama, rasgos de garras afiadas...


GARRAS que nem de leopardo!
- Rabo de crocodilo, língua de camaleão e garras de leopardo: que criatura horrível! - estremece a pequena Galinhola.



A trilha sai da floresta para entrar na savana. 
O sol já se levantou, o dia vai ser quente. 
Galinhola procura a sombra de um baobá, perto de um cupinzeiro. "Vou comer uns cupins para me refazer da caminhada", pensa ela. 

Mas quando a angolinha se aproxima montículo de terra, ela solta um grito: - Ladrão miserável! 
- O ninho de barro foi rasgado de alto a baixo, e não sobrou nenhuma larva, nenhum inseto.



Cansada, com fome e muito longe de casa, Galinhola pula sobre uma pedra redonda para vigiar o horizonte.
-Sumiu, o monstro sumiu! diz ela em voz alta, falando sozinha.
- MMmmonstro, que monstro? - pergunta-lhe a pedra, tremendo.


Espantada, Galinhola salta logo para o chão, pronta para fugir. Mas um focinho com dois olhos assustados, se desenrolando...

Depois do focinho, um par de patas enfeitadas com longas garras curvas, um corpo comprido coberto de escamas, outro par de patas, e  por fim...um longo rabo ESCAMOSO!

- Você... você é o monstro! - gagueja Galinhola.

Continuação no próxima postagem que acontecerá nesta semana.
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domingo, 12 de janeiro de 2014

Livro infantojuvenil: Lila e o segredo da Chuva



Entra ano e sai ano o sertão nordestino continua sofrendo com períodos de seca e estiagem, estima-se que 31 milhões de pessoas vivem nestas áreas sujeitas a desertificação.




Por aqui, no Rio Grande do Sul, há dois anos, nosso Estado vem sofrendo com estiagem, que provoca grandes perdas para a agricultura. 

O verão de 2014, e estamos comprovando na prática, deverá ser marcado pela falta de chuvas, segundo Somar-Meteorologia.


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Mas como andou chovendo, resolvi reproduzir uma das história que apresentei aos alunos em dezembro/2013 que fala da seca.

O livro abaixo compõe o acervo que foi encaminhado pelo Ministério da Educação-PNBE/2012, às escolas públicas do país.


Lila e o Segredo da Chuva
David Conway e Jude Daly


Semana após semana o sol castigava a Vila em que Lila vivia. 
Era um país da África chamado Quênia.
Estava tão quente, mas tão quente que ela, a Lila, sua mãe e irmãos e todas as outras pessoas da Vila ficavam em suas casas para se protegerem do Sol escaldante.




Estava muito quente para apanhar lenha.



Muito quente para capinar a roça da Vila.
E muito quente até mesmo para tirar leite da vaca.



Uma noite ela, a Lila, ouviu escondida sua mãe falando sobre o poço que tinha secado e sobre as plantações que estavam morrendo.
"Sem água não pode haver vida", Lila ouviu sua mãe dizer.

Ela queria muito que o Sol parasse de brilhar e que a chuva viesse.
Mas o Sol não deixou de brilhar e a chuva não veio.




Numa noite, o avô de Lila contou para ela uma história de um homem que ele encontrou quando criança.
O homem contou para ele o segredo da chuva.
"Você precisa subir a montanha mais alta", disse o homem ao avô de Lila, "e dizer ao céu a coisa mais triste que  você sabe".

Lila prestou muita atenção ao que seu avô disse. Na manhã seguinte, quando o Sol ainda estava dormindo, Lila deixou a Vila e saiu para buscar a montanha mais alta que ela pudesse encontrar.



Lila andou e andou, e então ela se viu aos pés de uma montanha muito alta.
Lila começou a escalar, mais alto e mais alto e mais alto.
Quando Lila alcançou o topo da montanha, ela começou a dizer ao céu as coisas mais tristes que ela sabia.
Primeiro ela contou sobre a vez em que seu irmão cortou a perna enquanto perseguia uma galinha na Vila. 
Depois ela contou sobre a vez que ela queimou seus dedos enquanto ajudava sua mãe a cozinhar.
Assim ela continuou a contar e contar e contar para o céu as coisas mais tristes que ela sabia.



Ao final de cada história ela olhava para o céu para ver se havia algum sinal de chuva, mas o céu permanecia azul e o Sol ainda brilhava intensamente.

Então ela começou a chorar.

"O que posso fazer?", ela disse para o céu.

"Está muito quente para pegar lenha, muito quente
para capinar  roça da Vila e muito quente para tirar leite da vaca. 
O poço está seco e as plantações estão morrendo. Sem as plantações não haverá comida, sem comida as pessoas na Vila ficarão doentes e sem água não pode haver vida."


Tudo estava quieto no cume da montanha.
Nada podia ser ouvido a não ser o choro de Lila.
Então uma brisa começou a soprar e uma poeira começou a dançar nos pés da Lila.
Nuvens começaram a encher os céus como ajuntamentos de pássaros brancos. 
Devagar,  bem devagar, os raios solares, escaldantes, começaram a ficar escondidos.



As nuvens se tornaram cada vez mais escuras, elas foram se enchendo com a tristeza dela, a Lila ..., até que o céu se tornou preto de emoção.

De repente,um relâmpago cortou o céu e um estrondo ensurdecedor de trovão ecoou pela montanha.
Ela sentiu o toque agradável de uma gota de chuva em seu pé...


... então outra e outra e outra... até que o chão ficou coberto com as lágrimas de chuva.

Lila alegremente levantou suas mãos para o céu que chorava e cada gota de chuva  parecia com um beijo de sua mãe.
Tão rápido quanto pôde,  ela desceu a montanha.



Quando chegou em casa, todos da Vila estavam celebrando a chuva com música e dança.
A mãe de Lila ficou muito aliviada ao ver a menina em casa novamente. 



Abraçou a Lila bem perto,enquanto o avô de Lila deu a ela um sorriso de quem sabe das coisas.


Porque somente Lila e seu avô sabiam que ela, a Lila, havia feito a Vila viver com choro da chuva.
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O país onde a Lila vive chama-se Quênia. Ele fica no leste do Continente Africano.
Seu nome vem do Monte Quênia, o ponto mais elevado do país (com exceção do Monte kilimanjaro,na fronteira entre o Quênia e a Tanzânia).  (...)
Na vila de Lila, as pessoas plantam seu próprio alimento(...)

Imagem Nasa


A maior parte da África é conhecida por ser muito quente. 
Como pudemos ver, a vila de Lila  não é diferente. O clima no norte e no interior do Quênia é árido - quente e seco - e no sul, tropical.
Nas regiões que passam por grandes períodos de seca, toda a população tem de imaginar diversas soluções para conviver com a escassez de água.




quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uma fábula sobre o valor da honestidade: "O pote vazio"






O pote vazio

Demi

Tradução: Mônica Stahel


Há muito tempo, na china, vivia um menino chamado Ping, que adorava flores. 
Tudo o que ele plantava, florescia maravilhosamente. 
Flores, arbustos e até imensas árvores frutíferas desabrochavam como por encanto!
Todos os habitantes do reino também adoravam flores.
Eles plantavam flores por toda parte e o ar do país inteiro era perfumado.






O Imperador gostava muito de pássaros e outros animais, mas o que ele mais apreciava eram as flores. Todos os dias ele cuidava de seu próprio jardim.
Acontece que o Imperador estava muito velho e precisava escolher um sucessor
Quem poderia herdar seu trono?
Como fazer essa escolha? Já que gostava muito de flores, o Imperador resolveu deixar as flores escolherem.




No dia seguinte ele mandou anunciar que todas as crianças do reino deveriam comparecer ao palácio. Cada uma delas receberia do Imperador uma semente especial. – Quem provar que fez o melhor possível dentro de um ano – ele declarou – será meu sucessor.

A notícia provocou muita agitação! Crianças do país inteiro dirigiram-se ao palácio para pegar suas sementes de flores.


Cada um dos pais que seu filho fosse escolhido para ser Imperador, e cada uma das crianças tinha essa mesma esperança.
Ping recebeu sua semente do Imperador e ficou felicíssimo. 
Tinha certeza de que seria capaz de cultivar a flor mais bonita de todas.
Ping encheu um vaso com terra de boa qualidade e plantou a semente com muito cuidado.

Todos os dias ele regava o vaso. Mal podia esperar o broto surgir, crescer e depois dar uma linda flor!
Os dias se passavam, mas nada crescia no vaso.
Ping começou a ficar preocupado. Pôs terra nova e melhor num vaso maior.
Depois transplantou a semente para aquela terra escura e fértil.
Esperou mais dois meses, e nada aconteceu.
Assim se passou o ano inteiro.




Chegou a primavera e todas as crianças vestiram suas melhores roupas para irem cumprimentar o Imperador.
Então correram ao palácio com suas lindas flores, ansiosas por serem escolhidas .
Ping estava com vergonha de seu vaso sem flor. Achou que as outras crianças zombariam dele porque pela primeira vez na vida não tinha conseguido cultivar uma flor.


Seu amigo apareceu correndo, trazendo uma planta enorme.
- Ping – ele disse -, você vai mesmo se apresentar ao Imperador levando um vaso sem flor ?
Por que não cultivou uma flor bem grande, como a minha?
- Eu já cultivei muitas flores melhores do que a sua – disse Ping.
- Foi essa semente que não deu nada.
O pai de Ping ouviu a conversa e disse: - Você fez o melhor que pôde, e o melhor possível deve ser apresentado ao Imperador.

Ping dirigiu-se ao palácio levando o vaso sem flor.
O Imperador estava examinando as flores vagarosamente, uma por uma.
Como eram bonitas!
Mas o Imperador estava muito sério e não dizia uma palavra.



Finalmente chegou a vez de Ping. O menino estava envergonhado, esperando um castigo.
O Imperador perguntou: - Por que você trouxa um vaso sem flor?
Ping começou a chorar e respondeu:
- Eu plantei a semente que o senhor me deu e a reguei todos os dias, mas ela não brotou. Eu coloquei num vaso maior com terra melhor, e mesmo assim ela não brotou. 
Eu cuidei dela o ano todo, mas não deu nada. Por isso hoje eu trouxe um pote vazio. Foi o melhor que eu pude fazer.
Quando o Imperador ouviu essas palavras, um sorriso foi se abrindo em seu rosto, e ele abraçou Ping. 



Então declarou para todos ouvirem:

- Encontrei! Encontrei alguém que merece ser Imperador.
- Não sei onde você conseguiram essas sementes, pois as que eu lhes dei estavam todas queimadas. Nenhuma delas poderia ter brotado.
- Admiro a coragem de Ping, que apareceu diante de mim trazendo a pura verdade. Vou recompensá-lo com meu reino inteiro e torna-lo imperador deste país.





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O alunos depois de ouvirem a história confeccionaram cartões e aprenderam a fazer dobraduras de flores para dar de presente de Natal.